Câncer de Bexiga: Um Guia Completo Sobre as Opções de Tratamento, do Inicial ao Avançado

Dr. Alexandre Sato 10 Setembro

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Médico Especialista

Câncer de Bexiga: Tratamentos do Inicial ao Avançado

Receber o diagnóstico de câncer de bexiga pode ser um momento de incerteza e muitas dúvidas. No entanto, a medicina oncológica avançou significativamente, oferecendo um arsenal de tratamentos eficazes que se adaptam a cada estágio da doença. Compreender as opções disponíveis é o primeiro passo para uma jornada de tratamento mais tranquila e com melhores resultados.

Neste guia completo, vamos explorar as diferentes modalidades de tratamento para o câncer de bexiga, desde as abordagens para tumores iniciais e superficiais até as terapias para doenças mais avançadas. Explicaremos o que é a Ressecção Transuretral (RTU), como funcionam a quimioterapia e a imunoterapia, e quando a cistectomia (remoção da bexiga) é necessária.

O Ponto de Partida: Ressecção Transuretral (RTU) da Bexiga

Para a maioria dos pacientes, o primeiro passo no tratamento do câncer de bexiga é a Ressecção Transuretral (RTU) do tumor vesical, também conhecida como "raspagem da bexiga". Este procedimento é fundamental tanto para o diagnóstico definitivo quanto para o tratamento de tumores em estágio inicial, que estão confinados à camada superficial da bexiga (não músculo-invasivos).

Como funciona a RTU?
Realizada sob anestesia, a RTU é um procedimento minimamente invasivo. O urologista insere um instrumento fino com uma câmera e uma alça de ressecção através da uretra até a bexiga. Com isso, o tumor é "raspado" em pequenos fragmentos, que são removidos e enviados para análise patológica. Essa análise é crucial para determinar o tipo de tumor, seu grau de agressividade e a profundidade da invasão na parede da bexiga, informações que guiarão os próximos passos do tratamento.

Para muitos pacientes com câncer de bexiga superficial, a RTU pode ser o único tratamento necessário, seguido de um acompanhamento rigoroso para monitorar possíveis recidivas.

Tratamento Adjuvante: Quimioterapia Intravesical e Imunoterapia com BCG

Após a RTU, mesmo com a remoção completa do tumor visível, podem restar células cancerígenas microscópicas. Para reduzir o risco de o câncer retornar, tratamentos adicionais podem ser aplicados diretamente na bexiga.

1. Quimioterapia Intravesical:
Neste tratamento, medicamentos quimioterápicos líquidos são instilados na bexiga através de um cateter. A substância permanece no órgão por cerca de uma a duas horas antes de ser eliminada. O objetivo é destruir as células cancerígenas remanescentes na mucosa da bexiga. Geralmente, é realizada logo após a RTU (dose única) ou em um esquema de várias semanas.

2. Imunoterapia com BCG (Bacilo de Calmette-Guérin):
O BCG é uma forma enfraquecida da bactéria que causa a tuberculose. Quando instilado na bexiga, ele provoca uma forte resposta do sistema imunológico. As células de defesa do corpo são atraídas para a região e passam a atacar e destruir as células tumorais. O tratamento com BCG é considerado um dos mais eficazes para prevenir a recorrência e a progressão do câncer de bexiga superficial de alto risco.

Avançando no Tratamento: Quimioterapia Sistêmica e Imunoterapia

Quando o câncer de bexiga invade a camada muscular da parede do órgão (músculo-invasivo) ou se espalha para outras partes do corpo (metastático), são necessários tratamentos sistêmicos, que circulam por todo o corpo.

1. Quimioterapia Sistêmica (Endovenosa):
Administrada na veia, a quimioterapia sistêmica utiliza medicamentos potentes para destruir as células cancerígenas em todo o organismo. Ela pode ser utilizada em diferentes cenários:

- Neoadjuvante: Antes da cirurgia de remoção da bexiga (cistectomia), para reduzir o tamanho do tumor e facilitar a operação.

- Adjuvante: Após a cistectomia, para eliminar células cancerígenas que possam ter se espalhado.

- Paliativa: Para controlar o câncer avançado ou metastático, aliviando sintomas e melhorando a qualidade de vida.

2. Imunoterapia Sistêmica (Inibidores de Checkpoint):
A imunoterapia revolucionou o tratamento de vários tipos de câncer, incluindo o de bexiga avançado. Medicamentos conhecidos como inibidores de checkpoint (como Pembrolizumabe e Atezolizumabe) "destravam" o sistema imunológico, permitindo que as células de defesa do próprio paciente reconheçam e ataquem as células tumorais com mais eficácia. Essa abordagem tem mostrado resultados promissores, especialmente para pacientes que não respondem bem à quimioterapia ou como terapia de manutenção.

A Solução Cirúrgica Avançada: Cistectomia (Remoção da Bexiga)

Para o câncer de bexiga músculo-invasivo ou para tumores superficiais de alto risco que não respondem a outros tratamentos, a remoção cirúrgica da bexiga, chamada de cistectomia, é o tratamento padrão com intenção curativa.

Tipos de Cistectomia:

- Cistectomia Parcial: Em casos muito selecionados, apenas a parte da bexiga que contém o tumor é removida.

- Cistectomia Radical: É o procedimento mais comum. Consiste na remoção de toda a bexiga, linfonodos próximos e, nos homens, a próstata, e em mulheres, o útero, ovários e parte da vagina.

Após a remoção da bexiga, o cirurgião precisa criar um novo caminho para a urina sair do corpo. Existem diferentes técnicas de derivação urinária, como a criação de uma neobexiga (um novo reservatório feito com parte do intestino) ou um conduto ileal (urostomia), que desvia a urina para uma bolsa coletora externa. A escolha da técnica depende de fatores clínicos e da preferência do paciente.

A jornada de tratamento do câncer de bexiga é complexa e individualizada. Estar bem informado é fundamental para tomar as melhores decisões em conjunto com sua equipe médica. Se você ou alguém que você ama recebeu este diagnóstico, não hesite em buscar uma segunda opinião e conversar abertamente sobre todas as opções disponíveis.

Quer saber mais e receber uma avaliação especializada? Agende uma consulta para discutirmos o seu caso em detalhes e definirmos o melhor plano de tratamento para você.

Sobre o Autor:

Dr. Alexandre Sato é um médico urologista com especialização em Oncologia Urológica, com 10 anos de experiência no diagnóstico e tratamento do câncer de bexiga, próstata, rim e outras neoplasias do trato geniturinário. Membro da Sociedade Brasileira de Urologia, dedica-se a oferecer tratamentos de ponta e um cuidado humanizado, guiando seus pacientes em cada etapa da jornada contra o câncer com conhecimento, tecnologia e empatia.