Crioterapia no Tratamento do Câncer de Próstata: Congelando o Avanço da Doença

Dr. Alexandre Sato 29 Julho

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Médico Especialista

Receber o diagnóstico de câncer de próstata pode ser um momento de grande incerteza. Felizmente, a medicina continua a evoluir, oferecendo tratamentos cada vez mais eficazes e com menor impacto na qualidade de vida. Entre as inovações, a crioterapia se destaca como uma opção de tratamento minimamente invasiva que utiliza o poder do frio para combater a doença.
Neste artigo, vamos explorar em detalhes o que é a crioterapia, como ela é aplicada no tratamento do câncer de próstata, para quais pacientes ela é mais indicada, e quais são os benefícios e riscos associados a este procedimento.

O Que é a Crioterapia e Como Ela Funciona?

A crioterapia, também conhecida como crioablação, é uma técnica que emprega temperaturas extremamente baixas para destruir tecidos doentes, incluindo células cancerígenas. No caso do câncer de próstata, o procedimento consiste na inserção de agulhas finas e especiais na próstata, guiadas por exames de imagem como a ultrassonografia.
Através dessas agulhas, gases como o árgon e o hélio são circulados, criando um ciclo de congelamento e descongelamento controlado. Este processo danifica as membranas das células tumorais, levando à sua destruição. A precisão do método permite que o urologista atue diretamente sobre o tumor, preservando ao máximo os tecidos saudáveis ao redor da próstata.

Quem São os Candidatos Ideais para a Crioterapia?

A crioterapia é uma opção de tratamento versátil, podendo ser indicada em diferentes cenários:
•    Tumores em Estágio Inicial e de Baixo Risco: Para homens com tumores localizados na próstata e que apresentam um crescimento lento, a crioterapia pode ser uma alternativa eficaz à cirurgia radical ou à radioterapia.
•    Recidiva do Câncer: Em casos em que o câncer de próstata retorna após um tratamento prévio com radioterapia, a crioterapia surge como uma importante opção de resgate, oferecendo uma nova chance de controle da doença.
•    Pacientes com Contraindicações a Outros Tratamentos: Para pacientes que, por idade ou outras condições de saúde, não são candidatos ideais para a cirurgia radical, a crioterapia representa uma alternativa mais segura e menos invasiva.
É fundamental uma avaliação médica detalhada para determinar se a crioterapia é a abordagem mais adequada para cada caso.

Benefícios da Crioterapia no Tratamento do Câncer de Próstata

A escolha pela crioterapia pode trazer uma série de vantagens para o paciente, incluindo:
•    Procedimento Minimamente Invasivo: A técnica não envolve grandes incisões, o que resulta em menos dor no pós-operatório e um menor tempo de internação.
•    Recuperação Mais Rápida: Comparada à cirurgia radical, a recuperação da crioterapia costuma ser mais breve, permitindo um retorno mais rápido às atividades diárias.
•    Menor Risco de Certos Efeitos Colaterais: Por ser um tratamento focal, a crioterapia pode reduzir o risco de complicações como a incontinência urinária, um dos efeitos mais temidos dos tratamentos convencionais.
•    Opção de Retratamento: Em caso de necessidade, o procedimento pode ser repetido, algo que nem sempre é possível com outras modalidades terapêuticas.

Riscos e Efeitos Colaterais a Considerar

Como todo procedimento médico, a crioterapia também apresenta riscos e possíveis efeitos colaterais. É importante conversar abertamente com seu médico sobre:
•    Disfunção Erétil: Embora a técnica busque preservar os nervos responsáveis pela ereção, a disfunção erétil ainda é um risco potencial.
•    Incontinência Urinária: Apesar de menos comum que em outros tratamentos, a incontinência urinária pode ocorrer.
•    Fístula Retal: Em casos raros, pode ocorrer uma comunicação anormal entre o reto e a uretra.
A experiência da equipe médica e a seleção cuidadosa do paciente são cruciais para minimizar esses riscos.

Literatura 

No cenário de doença localizada, a crioterapia whole-gland apresenta taxas de sobrevida livre de recorrência bioquímica (BRFS) em torno de 84% em 10 anos, com sobrevida livre de metástases de 96% e baixa incidência de eventos adversos graves, segundo uma coorte retrospectiva com seguimento mediano de quase 9 anos.
Estudos prospectivos e registros multicêntricos demonstram taxas de sobrevida livre de falha (definida como necessidade de terapia radical, metástase ou morte) de aproximadamente 90% em 3 anos, com baixíssima incidência de incontinência urinária e taxas de disfunção erétil variando entre 16% e 20% nos primeiros meses, com tendência à recuperação funcional ao longo do tempo.[5-7] A maioria dos eventos adversos é de baixa gravidade, e complicações graves são raras. O controle oncológico inicial é promissor, com ausência de câncer clinicamente significativo em 78% dos pacientes em biópsia de 12 meses

O Pós-Procedimento e a Recuperação

Após a crioterapia, é comum a utilização de uma sonda vesical por um curto período para auxiliar na micção. O paciente recebe orientações detalhadas sobre os cuidados em casa, que podem incluir o uso de medicamentos para dor e a restrição de atividades físicas intensas por algumas semanas. O acompanhamento médico regular é essencial para monitorar a recuperação e os resultados do tratamento.
A crioterapia representa um avanço significativo no tratamento do câncer de próstata, oferecendo uma opção eficaz, segura e menos invasiva para muitos homens. Se você foi diagnosticado com câncer de próstata, converse com seu urologista sobre todas as opções de tratamento disponíveis e descubra se a crioterapia é a escolha certa para você.