Próstata Aumentada Nem Sempre é Sinônimo de Cirurgia: Conheça Suas Opções de Tratamento para HPB

Dr. Alexandre Sato 17 Agosto

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Médico Especialista

Receber o diagnóstico de próstata aumentada, também conhecida como Hiperplasia Benigna da Próstata (HPB), pode gerar muitas dúvidas e uma preocupação imediata: "Vou precisar operar?". A boa notícia é que, na grande maioria dos casos, a resposta é não. A cirurgia é apenas uma das ferramentas no arsenal terapêutico contra a HPB e geralmente é reservada para situações mais específicas.

A HPB é uma condição comum e natural do envelhecimento masculino. O crescimento benigno da glândula prostática pode comprimir a uretra, o canal que transporta a urina, causando uma série de sintomas desconfortáveis, como jato urinário fraco, necessidade de ir ao banheiro com frequência (especialmente à noite), sensação de que a bexiga nunca esvazia completamente e o esforço miccional.

O objetivo do tratamento é aliviar esses sintomas e devolver a qualidade de vida ao paciente. Felizmente, a medicina moderna oferece um leque variado de opções, que vão desde a simples observação até procedimentos altamente tecnológicos. Vamos explorar as principais abordagens.

1. A Primeira Linha de Defesa: Observação e Mudanças no Estilo de Vida

Para homens com sintomas leves, que não impactam significativamente o dia a dia, a abordagem inicial pode ser a "espera vigilante" ou watchful waiting. Isso significa que o urologista acompanhará o quadro clínico regularmente, sem a necessidade de uma intervenção imediata.
Junto a isso, algumas mudanças de hábitos podem fazer uma grande diferença:
•    Reduzir a ingestão de líquidos à noite: Principalmente álcool e cafeína, que são diuréticos.
•    Gerenciar o uso de medicamentos: Alguns remédios para gripe ou alergia podem piorar os sintomas.
•    Ir ao banheiro regularmente: Não segure a urina por longos períodos.

2. Tratamento Medicamentoso: Alívio Eficaz Sem Bisturi

Quando os sintomas são moderados e começam a incomodar, o tratamento com medicamentos é a escolha mais comum e eficaz para a maioria dos homens. ( O grau de intensidade dos sintomas é feito usando uma escala chamada IPSS -  https://www.dralexandresato.com.br/ipss-avaliacao-sintomas-urinarios-193L ) .Existem algumas classes principais de remédios:
•    Alfa-bloqueadores: Como a tamsulosina e a doxazosina, estes medicamentos relaxam a musculatura do colo da bexiga e da próstata, facilitando a passagem da urina. O efeito costuma ser rápido, com melhora dos sintomas em poucos dias.
•    Inibidores da 5-alfa-redutase: Como a finasterida e a dutasterida, atuam diretamente na causa do problema, reduzindo o tamanho da próstata ao bloquear a ação hormonal que estimula seu crescimento. O efeito é mais lento, podendo levar alguns meses para ser notado.( em média 4-6 meses ) 
•    Inibidores da 5-Fosfodiesterase: Como a tadalafila que pode ser usado nos pacientes que possuem a associação da hiperplasia benigna da próstata com sinais de disfunção erétil.
•    Antimuscarínicos ou B3 – Agonistas : Medicamentos com solifenacina, tróspio ou mirabegrona que atuam diminuindo os sintomas irritativos causados pela próstata aumentada.
Em muitos casos, o médico pode indicar uma terapia combinada, utilizando os dois tipos de medicamento para obter um resultado mais completo e duradouro.

3. Procedimentos Minimamente Invasivos: Tecnologia a Favor do Bem-Estar

Para pacientes que não respondem bem aos medicamentos ou não desejam seus efeitos colaterais, surgiram diversas técnicas minimamente invasivas. Realizadas através da uretra, sem cortes, elas oferecem uma recuperação mais rápida e menos riscos que as cirurgias tradicionais ( Chamadas atualmente de MIST ) . Algumas das mais conhecidas são:
•    Terapia com vapor de água (Rezum): Utiliza o vapor de água para destruir o excesso de tecido prostático, que será depois eliminado pelo corpo.
•    UroLift®: Insere pequenos implantes que "afastam" o tecido prostático, desobstruindo a uretra de forma mecânica.
•    Echolaser: Laser intrauretral para destruição prostática através de energia térmica.
•    Optilume: Balão Intrauretral associado com quimioterápico para cicatrização.

Quando a Cirurgia Tradicional é Realmente Necessária?

A cirurgia torna-se a principal indicação quando as outras abordagens falham ou quando surgem complicações decorrentes da obstrução urinária. As principais indicações cirúrgicas são:
•    Falha do tratamento clínico: Os medicamentos não aliviam os sintomas de forma satisfatória.
•    Retenção urinária: Incapacidade de urinar, exigindo o uso de sonda.
•    Infecções urinárias de repetição.
•    Formação de pedras na bexiga.
•    Sangramento na urina recorrente.
•    Dano aos rins causado pela dificuldade de esvaziamento da bexiga.

A técnica cirúrgica mais tradicional é a Ressecção Transuretral da Próstata (RTU), conhecida como "raspagem da próstata". Hoje, para próstatas maiores, a Prostatectomia Simples Robótica oferece uma alternativa minimamente invasiva, com mais precisão, menor sangramento e recuperação mais rápida.
Outras alternativas de tratamento menos invasivas mesmo para próstatas grandes podem ser o Greenlight ( Vaporização com Laser ) e o HOLEP ( Enucleação com Laser ).

Conclusão: Converse com Seu Urologista

Ter a próstata aumentada não é uma sentença de cirurgia. O tratamento da HPB é altamente personalizado, e a decisão sobre qual caminho seguir deve ser tomada em conjunto entre paciente e médico, levando em conta a intensidade dos sintomas, o tamanho da próstata, o estado de saúde geral e, claro, as suas preferências.
Se você está enfrentando dificuldades para urinar, não hesite. Procure um urologista para obter um diagnóstico preciso e discutir o plano de tratamento mais adequado para você. Cuidar da sua saúde é o passo mais importante para uma vida plena e sem desconfortos.