Quando o Rezum NÃO é indicado: 4 Casos em que o Tratamento Pode Falhar

Dr. Alexandre Sato 28 Outubro

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Médico Especialista

A terapia Rezum ganhou fama mundial por ser minimamente invasiva, rápida e preservar a ejaculação, tratando os sintomas da próstata aumentada (HPB) sem os efeitos colaterais das cirurgias tradicionais.

Mas na medicina, "tamanho único" não existe. A eficácia do Rezum está diretamente ligada à anatomia da próstata e ao perfil do paciente. Forçar uma indicação que não é ideal é a receita para a frustração e a necessidade de um segundo tratamento.

Vamos analisar os 4 principais cenários em que o Rezum pode não ser a melhor opção.

1. Próstatas Muito Volumosas (Acima de 80-100g)

Esta é, talvez, a limitação mais importante. O Rezum funciona aplicando "jatos" de vapor de 9 segundos em pontos específicos para necrosar o tecido (adenoma).

• O Problema: Em próstatas muito grandes (geralmente acima de 80 gramas, embora alguns especialistas estendam até 100g), a quantidade de vapor necessária para reduzir o volume de forma eficaz é simplesmente grande demais.
• O Risco: O urologista pode ter que aplicar muitos jatos, aumentando o tempo do procedimento e a inflamação pós-operatória. Mesmo assim, a desobstrução pode ser incompleta, levando a um alívio parcial dos sintomas ou a uma necessidade de retratamento em curto prazo.
• Alternativa Melhor: Para próstatas volumosas, técnicas cirúrgicas enucleativas, como o HoLEP (Holmium Laser Enucleation of the Prostate), são consideradas o padrão-ouro, pois removem todo o adenoma de uma só vez, garantindo uma desobstrução completa e duradoura.

2. Presença de "Lobo Mediano" Grande

O lobo mediano é uma parte da próstata que, quando cresce, se projeta para dentro da bexiga, agindo como uma "válvula" que bloqueia a saída da urina.

• O Problema: O aplicador do Rezum foi desenhado para tratar os lobos laterais da próstata. Embora existam técnicas para tratar o lobo mediano, se ele for muito proeminente ou comprido, o vapor pode não ser suficiente para desobstruí-lo adequadamente.
• O Risco: Se o lobo mediano for a causa principal da obstrução e não for tratado corretamente, o paciente continuará com sintomas (jato fraco, urgência) mesmo após o procedimento.
• Alternativa Melhor: Técnicas que removem fisicamente o tecido, como o HoLEP ou a clássica RTU (ressecção transuretral), são mais eficazes para tratar obstruções causadas por lobo mediano significativo.

3. Sintomas Graves ou Complicações da HPB

O Rezum não é um tratamento de emergência. Ele funciona gradualmente; na verdade, os sintomas pioram nas primeiras semanas devido ao inchaço (edema) antes de começarem a melhorar.

• O Problema: Pacientes que já estão em retenção urinária (incapazes de urinar, dependentes de sonda) ou que desenvolveram complicações graves da HPB(como grandes cálculos na bexiga ou insuficiência renal) precisam de uma desobstrução imediata e definitiva.
• O Risco: Usar o Rezum nesses casos pode prolongar o tempo de sonda e não resolver as complicações associadas. O paciente não pode esperar 3 meses para o efeito máximo do vapor.
• Alternativa Melhor: Pacientes com complicações graves se beneficiam mais de cirurgias desobstrutivas imediatas, que removem o tecido e tratam as complicações (como os cálculos) no mesmo procedimento.

4. Pacientes com Implantes ou Condições Específicas

Existem algumas contraindicações médicas diretas para o Rezum.

• O Problema: O procedimento utiliza energia de radiofrequência para gerar o vapor. Embora muitos dispositivos modernos sejam compatíveis, pacientes com certos tipos de marca-passos ou desfibriladores implantáveis podem necessitar de avaliação cardiológica prévia rigorosa.
• Contraindicações: O Rezum também não é indicado para pacientes com próteses penianas ou esfíncteres artificiais. Além disso, não deve ser feito na presença de infecção urinária ativa ou câncer de próstata diagnosticado.

Conclusão: A Chave é a Seleção Criteriosa

O Rezum é uma ferramenta fantástica no arsenal do urologista. Para o paciente certo — com próstata de tamanho pequeno a moderado, sem lobo mediano avantajado e que deseja preservar a ejaculação — os resultados são excelentes.

No entanto, o tratamento da HPB deve ser personalizado. A falha do Rezum, muitas vezes, não é uma falha da tecnologia, mas sim uma falha na indicação.

Um urologista experiente não tentará adaptar o paciente à sua técnica favorita; ele adaptará a técnica (seja Rezum, HoLEP, RTU ou outra) ao paciente.

O melhor tratamento não é o mais novo, é o mais adequado para VOCÊ!

Não caia na armadilha de buscar um procedimento específico sem antes ter um diagnóstico completo da sua anatomia. O sucesso do seu tratamento depende de uma avaliação urológica honesta, que pese o tamanho da sua próstata, seus sintomas e seus objetivos de vida, incluindo a sexualidade.

Se você está em dúvida entre Rezum, HoLEP ou outras técnicas, agende uma consulta. Vamos mapear seu caso e definir juntos o caminho mais seguro e eficaz para a sua qualidade de vida.

Sobre o Autor:

O Dr. Alexandre Sato é urologista especialista no tratamento da Hiperplasia Benigna da Próstata (HPB), com 10 anos de experiência. É referência no diagnóstico avançado e na aplicação de todo o espectro de tratamentos, desde terapias minimamente invasivas como o Rezum até cirurgias a laser de alta complexidade como o HoLEP. Seu compromisso é oferecer uma medicina personalizada, garantindo que cada paciente receba a indicação correta para obter os melhores resultados funcionais e preservar sua qualidade de vida.