Análise Crítica: Pembrolizumabe + Axitinibe como Padrão-Ouro no Câncer Renal Avançado
KEYNOTE-426: O Estudo que Redefiniu a Primeira Linha
O estudo de fase 3, randomizado e aberto, KEYNOTE-426 (NCT02853331), foi desenhado para comparar a eficácia e segurança da combinação de pembrolizumabe mais axitinibe versus a monoterapia com sunitinibe em pacientes com CCRm de células claras, previamente não tratados.
Os endpoints primários foram a sobrevida global (SG) e a sobrevida livre de progressão (SLP).
Resultados Principais:
O estudo demonstrou uma superioridade estatística e clinicamente significativa da combinação em todos os endpoints principais e secundários:
-Sobrevida Global (SG): A combinação reduziu o risco de morte em 47% em comparação com o sunitinibe (HR, 0,53; P<0,0001). A sobrevida global em 12 meses foi de 89,9% no grupo pembrolizumabe-axitinibe versus 78,3% no grupo sunitinibe.
-Sobrevida Livre de Progressão (SLP): A SLP mediana foi de 15,1 meses para a combinação, em comparação com 11,1 meses para o sunitinibe, representando uma redução de 31% no risco de progressão ou morte (HR, 0,69; P<0,001).
-Taxa de Resposta Objetiva (TRO): A TRO foi notavelmente maior no braço da combinação, atingindo 59,3% (vs. 35,7% para sunitinibe; P<0,001), com 5,8% dos pacientes alcançando uma resposta completa.
Esses resultados foram consistentes em todos os subgrupos de risco do IMDC (International Metastatic RCC Database Consortium), consolidando a combinação como um novo padrão de tratamento na primeira linha.
Consolidando a Evidência: A Relevância Contínua em 2023
Uma revisão publicada no periódico Oncology em 2023 reforça o papel da combinação pembrolizumabe-axitinibe. O artigo reitera que os dados de seguimento do KEYNOTE-426 confirmam a manutenção dos benefícios de sobrevida a longo prazo.
A revisão destaca a importância do regime como uma opção robusta para a maioria dos perfis de pacientes, ressaltando o perfil de segurança manejável, embora exija do clínico uma atenção redobrada para a gestão de toxicidades sobrepostas de duas classes distintas de drogas (eventos adversos imuno-mediados e eventos adversos relacionados ao TKI).
Implicações Práticas para Urologistas e Oncologistas
A integração dos dados do KEYNOTE-426 e de suas revisões subsequentes na prática clínica diária implica em:
-Estabelecimento como Standard-of-Care: A combinação de pembrolizumabe e axitinibe é um dos regimes de referência para o tratamento de primeira linha do CCRm de células claras, independentemente do grupo de risco do IMDC.
-Manejo de Toxicidades: É imperativo que a equipe multidisciplinar esteja apta a identificar e manejar tanto os efeitos adversos relacionados ao TKI (hipertensão, diarreia, fadiga) quanto os eventos adversos imuno-mediados (irAEs), que podem afetar qualquer órgão (ex: colite, hepatite, pneumonite, endocrinopatias).
-Seleção de Pacientes: Embora o benefício seja amplo, a discussão sobre o perfil ideal do paciente para cada combinação disponível (IO+TKI vs. IO+IO) continua sendo um ponto central nos simpósios e na prática clínica, considerando comorbidades, perfil de toxicidade e objetivos do tratamento.
Conclusão
A combinação de pembrolizumabe e axitinibe, validada pelo estudo KEYNOTE-426, representa um avanço inquestionável, oferecendo ganhos robustos de sobrevida global e livre de progressão para pacientes com CCRm avançado. As revisões contínuas confirmam sua eficácia e segurança a longo prazo, solidificando sua posição como um pilar no algoritmo de tratamento.
O desafio para nós, médicos, reside no manejo proativo das toxicidades e na seleção criteriosa do paciente, visando sempre maximizar a eficácia enquanto preservamos a qualidade de vida.
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Dr. Alexandre Sato
Médico Urologista em São Paulo - SP
A Begin Clinic é uma clínica especializada em tratamentos de reprodução assistida na cidade de São Paulo - SP. Também atendemos pacientes de outras cidades e estados em todo Brasil e exterior, que buscam por tratamentos de excelência, com médicos especialistas em congelamento de óvulos.
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