Recebi o Laudo da Biópsia de Próstata: Como Interpretar o Gleason, ISUP e Outros Termos?
Abrir o envelope ou o PDF com o resultado de uma biópsia de próstata é um momento tenso. E, muitas vezes, a ansiedade aumenta ao tentar decifrar o "mediquês" escrito pelo patologista: números somados (3+4, 4+3), siglas (ISUP, ASAP) e porcentagens.
A primeira regra é: não entre em pânico. O laudo é um mapa. Ele não define o seu destino final, mas nos diz exatamente onde estamos e quais caminhos podemos seguir. Como urologista, meu papel é traduzir esse mapa para você.
Vamos entender os principais pontos de um laudo positivo para câncer (Adenocarcinoma).
1. O Nome do Inimigo: Adenocarcinoma Acinar Usual
Esta é a linha que confirma o diagnóstico. O "Adenocarcinoma Acinar" é o tipo mais comum de câncer de próstata (mais de 95% dos casos). Se você leu isso, o diagnóstico de câncer existe, e agora precisamos entender a sua "personalidade" (agressividade).
2. A Agressividade: Gleason e ISUP
Este é o coração do laudo. É aqui que definimos se o câncer é "preguiçoso" (indolente) ou agressivo.
- O Escore de Gleason
O patologista olha as células no microscópio e dá uma nota de 3 a 5 baseada na deformidade delas. Como o câncer é heterogêneo, ele soma os dois padrões mais comuns encontrados.
Exemplo: Gleason 6 (3+3). Significa que as células são pouco agressivas.
Exemplo: Gleason 7 (3+4) ou (4+3). Aqui mora um detalhe que gera autoridade médica: 3+4 é diferente de 4+3. O primeiro número é o padrão predominante. Ter mais padrão 3 é melhor do que ter mais padrão 4.
- A Classificação ISUP (A Maneira Moderna)
Para facilitar, a Sociedade Internacional de Urologia Patológica (ISUP) criou grupos de 1 a 5. É mais simples de entender:- ISUP 1: Gleason 6 (Baixo risco)
- ISUP 2: Gleason 7 (3+4) (Risco intermediário favorável)
- ISUP 3: Gleason 7 (4+3) (Risco intermediário desfavorável)
- ISUP 4: Gleason 8 (Alto risco)
- ISUP 5: Gleason 9 ou 10 (Muito alto risco)
3. Quantidade de Doença (Fragmentos e Porcentagem)
Não basta saber o tipo, precisamos saber o volume.
- Número de Fragmentos: Geralmente tiramos 12 fragmentos. Ter câncer em 1 fragmento é muito diferente de ter em 12.
- Porcentagem de Comprometimento: Quanto de cada fragmento é tumor? 5%? 80%? Quanto maior a porcentagem e o número de fragmentos, maior o volume tumoral, o que pode influenciar na decisão entre cirurgia, radioterapia ou vigilância ativa.
4. Invasão Perineural e "Margens"
Muitos pacientes se assustam com o termo "Invasão Perineural". Isso significa que o tumor está envolvendo a bainha nervosa. Embora pareça assustador, isso não muda o estádio da doença, mas pode indicar um risco levemente maior de o tumor gerar metástase à distância.
Sobre as Margens: É comum pacientes procurarem por "margens comprometidas" na biópsia. Importante esclarecer: margens cirúrgicas só são avaliadas após a cirurgia de remoção da próstata. Na biópsia, olhamos se o tumor está apenas dentro do fragmento.
5. E se não for câncer? (ASAP e HGPIN)
Às vezes o laudo traz siglas como HGPIN (Neoplasia Intraepitelial Prostática de Alto Grau) ou ASAP (Pequena Proliferação Acinar Atípica).
- HGPIN: É uma alteração pré-maligna, mas isoladamente não exige tratamento imediato.( Se for PIN de Alto Grau e Multicêntrico avaliar re biópsia em 6 meses. )
- ASAP: É uma suspeita forte que a biópsia não conseguiu confirmar. Nesses casos, geralmente indicamos fazer a imunohistoquímica para confirmar ou descartar a malignidade.
Conclusão: O Laudo é Apenas Uma Peça
O laudo da biópsia não deve ser interpretado isoladamente. Ele precisa ser cruzado com seu PSA, seu toque retal e sua ressonância magnética. Um Gleason 6 em um paciente jovem pode ser tratado de forma diferente do mesmo Gleason em um paciente de 80 anos.
A medicina moderna é personalizada. O laudo nos dá os dados, mas a decisão é tomada entre médico e paciente.
Sobre o Autor
Dr. Alexandre Sato | Urologista | Especialista em Uro-Oncologia e Cirurgia Robótica CRM: 146.210 | RQE: 61.330
Minha missão é oferecer clareza em momentos de incerteza. Com vasta experiência no tratamento do câncer de próstata, utilizo as técnicas mais avançadas — da cirurgia robótica às terapias focais — para garantir a cura com a máxima preservação da qualidade de vida.
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Dr. Alexandre Sato
Médico Urologista em São Paulo - SP
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