A Revolução no Tratamento do Câncer de Bexiga: Destaques e Mudanças de Conduta do ESMO 2025

Dr. Alexandre Sato 24 Novembro

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Médico Especialista

A Uro-oncologia vive um momento histórico. Os dados apresentados no ESMO 2025 não são apenas estatísticas promissoras; são resultados que mudam a prática clínica ("Practice Changing") e oferecem, pela primeira vez em anos, aumentos expressivos na sobrevida global para perfis de pacientes historicamente difíceis de tratar.

Abaixo, analiso os três estudos "divisores de águas" que todo paciente e especialista precisa conhecer.

1. IMvigor011: O Fim do "Tratamento no Escuro" com ctDNA

Uma das decisões mais complexas após a cistectomia radical (remoção da bexiga) é definir quem precisa de imunoterapia adjuvante. Até hoje, tratávamos muitos pacientes baseados apenas no risco estatístico, expondo alguns a efeitos colaterais desnecessários.

O estudo IMvigor011 trouxe a resposta definitiva usando o ctDNA (DNA tumoral circulante). Pacientes com câncer músculo-invasivo foram monitorados após a cirurgia:

• ctDNA Positivo: Aqueles com doença residual molecular receberam Atezolizumabe e tiveram um ganho significativo na sobrevida livre de doença (HR 0.64) e sobrevida global (HR 0.59).
• ctDNA Negativo: Pacientes sem DNA tumoral circulante não receberam tratamento e ainda assim apresentaram excelentes resultados (mais de 95% livres de doença em 1 ano). O que isso significa: Agora podemos poupar pacientes curados pela cirurgia de terapias tóxicas e focar o tratamento agressivo apenas em quem realmente tem risco de recaída. É a medicina de precisão na prática.

2. KEYNOTE-905 / EV-303: Uma Nova Esperança para Inelegíveis à Cisplatina

Pacientes com câncer músculo-invasivo que não podem receber cisplatina (devido a problemas renais ou auditivos) sempre tiveram opções limitadas e prognósticos piores. O estudo KEYNOTE-905 (também conhecido como EV-303) mudou esse cenário drasticamente.

O estudo avaliou o uso perioperatório (antes e depois da cirurgia) da combinação de Pembrolizumabe + Enfortumab Vedotin (EV) comparado à cirurgia isolada em paciente inelegíveis a platina ou que se recusavam a fazer uso.

• Resultados Impressionantes: A combinação reduziu o risco de morte em 50% (HR 0.50) e o risco de progressão da doença em 60% (HR 0.40).

Impacto: Esta combinação se estabelece como um novo padrão de tratamento (Standard of Care), oferecendo chances reais de cura para uma população que antes ficava restrita apenas à cirurgia.

3. POTOMAC: Intensificando o Combate no Câncer Não Músculo-Invasivo

Para o câncer de bexiga de alto risco que ainda não invadiu o músculo, o BCG intravesical é o padrão há décadas. O estudo POTOMAC veio para desafiar esse dogma.

O estudo testou a adição de Durvalumabe (imunoterapia) ao tratamento padrão com BCG.

• A Descoberta: A combinação mostrou uma melhora estatisticamente significativa na Sobrevida Livre de Doença em comparação ao BCG isolado. Isso sugere que, para casos de alto risco, intensificar o tratamento precocemente pode evitar a progressão para formas mais agressivas da doença e a necessidade de remover a bexiga no futuro.

Conclusão

O ESMO 2025 deixa um recado claro: a combinação de novas tecnologias diagnósticas (ctDNA) com potentes imunoterapias e ADCs (Antibody-Drug Conjugates) está reescrevendo a história do câncer de bexiga. Não aceitamos mais desfechos antigos; buscamos a cura com qualidade de vida.

O tratamento oncológico evoluiu. O seu plano de cuidado está atualizado? Se você ou um familiar enfrenta o câncer de bexiga, o acesso a essas novas estratégias (como o teste de ctDNA ou as novas combinações de imunoterapia) pode ser determinante no sucesso do tratamento.

Agende uma avaliação especializada. Vamos analisar o seu caso à luz das evidências mais recentes do ESMO 2025 e traçar a melhor estratégia para sua recuperação. 

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Sobre o Autor :

Dr. Alexandre Sato, Urologista Especialista em Uro-oncologia e Cirurgia Robótica

Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e focado no tratamento cirúrgico e sistêmico de neoplasias urológicas. Acompanha presencialmente os maiores congressos mundiais (como o ESMO e AUA) para trazer ao Brasil protocolos de tratamento de vanguarda, oferecendo aos seus pacientes o que há de mais moderno na luta contra o câncer.