A Nova Era da Oncologia de Precisão: Destaques do ESMO 2025 para o Câncer de Próstata

Dr. Alexandre Sato 24 Novembro

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Médico Especialista

O cenário do tratamento do câncer de próstata é dinâmico e, a cada ano, a ciência nos aproxima mais da personalização do cuidado. O ESMO 2025 confirmou uma tendência clara: não tratamos mais "apenas" o câncer de próstata de forma genérica; tratamos a biologia específica do tumor de cada paciente.

A antecipação de terapias potentes e o uso de marcadores genéticos foram os grandes protagonistas. Abaixo, detalho os três estudos que dominaram as discussões e o que eles significam para a prática clínica atual.

1. CAPItello-281: O Ataque à Deficiência de PTEN

Um dos maiores desafios na uro-oncologia é tratar pacientes com doença metastática hormônio-sensível (mHSPC) que apresentam características agressivas. O estudo CAPItello-281 trouxe luz para um subgrupo específico: pacientes com tumores deficientes em PTEN (uma proteína supressora de tumor).

O estudo avaliou a combinação de Capivasertib (um inibidor de AKT) associado à Abiraterona e terapia de privação androgênica (ADT). Os resultados apresentados no ESMO 2025 demonstraram que atacar essa via molecular específica melhora significativamente a sobrevida livre de progressão radiográfica.

• O que isso muda? Isso reforça a necessidade de testes genéticos e moleculares precoces. Identificar a deficiência de PTEN agora é crucial para oferecer essa terapia combinada, que se mostrou superior ao tratamento padrão isolado neste perfil de paciente.

2. PSMAddition: A Teranóstica Chega Mais Cedo

Se antes o uso do Lutécio-PSMA (radiofármaco) estava reservado para cenários de resistência à castração e múltiplas falhas prévias, o estudo PSMAddition veio para desafiar essa lógica.

Os dados revelados mostram o benefício de introduzir o 177Lu-PSMA-617 já no cenário de câncer de próstata metastático sensível a hormônios (mHSPC). Ao combinar o radioligante ao tratamento padrão (ADT + inibidor de via androgênica), observou-se uma resposta profunda e duradoura.

• O impacto clínico: Estamos vendo a "migração" da medicina nuclear para fases mais iniciais da doença. Isso oferece uma nova ferramenta potente para reduzir o volume da doença antes que ela se torne resistente aos bloqueios hormonais convencionais.

3. EMBARK: A Consolidação de um Novo Padrão

Embora o estudo EMBARK tenha apresentado seus dados primários anteriormente, as atualizações trazidas em 2025 focaram na qualidade de vida a longo prazo e na sobrevida global em pacientes com recorrência bioquímica de alto risco.

O estudo comparou a Enzalutamida (com ou sem ADT) versus ADT isolado em homens que viram seu PSA subir após cirurgia ou radioterapia, mas sem metástases visíveis. Os dados de 2025 confirmam que a intensificação do tratamento nesta fase precoce não apenas adia o aparecimento de metástases, como mantém a qualidade de vida do paciente preservada por mais tempo.

• A lição: Não devemos esperar a metástase aparecer para agir com agressividade em casos de alto risco. O tratamento precoce e intenso é, hoje, a melhor forma de cronicidade da doença com segurança.

Conclusão

O ESMO 2025 deixa uma mensagem clara: o futuro é a combinação inteligente de fármacos baseada no perfil biológico do tumor. Seja através da inibição da via AKT (CAPItello), da antecipação dos radioligantes (PSMAddition) ou do bloqueio hormonal intenso na recorrência (EMBARK), temos hoje mais armas do que nunca para prolongar a vida com qualidade.

Você ou um familiar recebeu um diagnóstico e quer entender se essas novas terapias se aplicam ao caso? A oncologia de precisão exige uma avaliação individualizada. Não baseie seu tratamento em protocolos do passado. Agende uma consulta para revisarmos seu caso à luz das mais recentes descobertas científicas mundiais.

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Sobre o Autor : 
Dr. Alexandre Sato | CRM 146.210 | RQE 61.330

Especialista em Uro-oncologia e Cirurgia Robótica. Dedicado ao tratamento avançado do câncer urológico, o Dr. Sato baseia sua prática clínica na evidência científica mais atual, participando ativamente dos principais congressos mundiais como ESMO e AUA para trazer tecnologias pioneiras como o HoLEP e terapias minimamente invasivas aos seus pacientes. Sua missão é unir precisão técnica com acolhimento humano.